O médico Luiz Roberto
Londres, à frente da Clínica São Vicente, na Gávea, é contra o modelo de
negócio das redes de hospitais ligadas a planos de saúde
Luiz Roberto Londres se formou em medicina em 1965, no tempo
em que a Escola Nacional de Medicina ficava no campus da Praia Vermelha. Em
1969, transformou a Clínica São Vicente, na Gávea, em hospital geral. É contra
o modelo de negócio das redes de hospitais ligadas a planos de saúde e a
consulta médica que transforma o tempo de conversa com paciente em análise de
exames. Abaixo, a íntegra da entrevista ao GLOBO.
Como o senhor vê a
prática da medicina hoje?
Tudo o que aprendi eu devo à medicina pública e beneficente.
Era o orgulho dos médicos o trabalho público, de ensino, pequisa e beneficente.
Medicina é uma missão. Hoje a gente vê que outras dimensões estão sendo mais
valorizadas que as pessoais: tamanho, empresa, dinheiro, conglomerados. Está se
pervertendo uma atividade que é basicamente humana.
O que deve mudar então?
Tenho um profundo embasamento ético. Quando aceitou-se que
pessoas ou instituições que deveriam estar servindo à medicina, dela se
servissem, a coisa começou a mudar. O código de ética é muito claro. O que
gostaria de ver é ressurgir a chama de uma atividade basicamente beneficente e
pública. Claro que se pode ter o particular e ganhar dinheiro com isso, mas tem
que ser transparente, e a relação médico-paciente tem que ser respeitada.
Como conciliar esse
espírito na iniciativa privada?
Peter Drucker disse que o hospital é a empresa mais complexa
que se conhece, é um monstro de duas cabeças, administração e assistência, em
que uma não pode matar a outra. Vemos com frequência empresas entrando na
administração de hospitais e esquecendo essas características. Fazem
protocolos. A gente aprende que medicina são normas gerais aplicadas a casos
particulares. Como as roupas, que vêm em tamanhos semiprontos, mas têm que ser
ajustadas de acordo com o corpo de cada pessoa. Tem que se entender a
peculiaridade de cada um. Temos que voltar à medicina antiga, claro que com
toda a tecnologia que dispomos, mas sem perder os princípios. Quando os meios
viram os fins, os princípios desaparecem. O paciente é que deve ser o fim.
Mas como mudar na
prática?
(O termo) medicina diagnóstica, que se vê por aí, é uma
mentira. O que existe é exame complementar. Um bom médico consegue ter uma
hipótese correta em 90% dos casos, porque conversa com o paciente. A medicina
seria baratíssima se ela se fiasse no encontro. Haveria menos hospitalização,
menos cirurgias e menos exames complementares. Como hoje as escolas não ensinam
mais, estão cada vez piores, os médicos não conversam, pedem exame e operam sem
saber. Claro que quero ter internações aqui (na São Vicente), mas sem ferir um
único preceito do código de ética.
É possível melhorar essa relação na saúde pública?
Precisa-se de mais dinheiro?
Dizem que o problema é financiamento... será que é? Acho que
falta comprometimento de todos. Todos estão preocupados com sua coisinha, sem
participar. Temos que fazer a diferença como autoridade. A presidenta é apenas
nossa representante. Como a gente aceita que nossa saúde pública seja um lixo?
Antes, os presidentes não se tratavam no Sírio-Libanês, mas no Hospital dos
Servidores do Estado. É uma inversão de valores, quem paga o atendimento deles
no Sírio-Libanês somos nós. Qual o problema então? Falta médico, ou há médicos
concentrados? E será que temos leitos hospitalares de menos? Tem leitos
hospitalares ocupados indevidamente.
As grandes redes de
hospitais dominam o mercado no Rio. O senhor não se sente uma espécie de lobo
solitário neste cenário?
Quem está por trás da rede D’Or? É o Banco Pactual, um
banco! Os bons de São Paulo fazem parte de rede? São todos lobos solitários,
não são?
Mas, em São Paulo, os bons são associações beneficentes...
Aqui (o São Vicente) não é beneficente pela sua formação.
Mas na sua atuação é. Aprendi com meu pai que aqui não se distribui dividendo
para não criar conflito. Sou assalariado, bem assalariado, tenho patrimônio.
Mas minha atividade não é contra, em nenhum instante, o atendimento ao
paciente. Em lugar nenhum no mundo rede é tido como hospital de qualidade.
Fazem alarde? Fazem. Criar um clima de relacionamento é fundamental para um bom
atendimento. O paciente percebe muito mais um bom ambiente do que o atendimento
em si. É gente cuidando de gente.
Qual modelo é então o ideal?
Tem que ter a relação médico-paciente. O modelo de hospital
geral há muito tempo está se desfazendo. Tem que segmentar. Há pacientes que
não precisam vir ao hospital. E outros que deveriam ter saído do hospital.
Vai-se hoje em qualquer CTI e se vê mortos-vivos, pessoas que não precisam mais
de tratamento intensivo, mas sim de vigilância intensiva. É possível inclusive
desonerar os seguros, desocupando os leitos de CTI e os destinando àqueles que
realmente precisam. O que existe hoje não é falta, é distribuição. Hospitais
hoje passaram a ser o centro da medicina. Está errado. O centro da medicina é o
consultório e o ambulatório. Procure saber a quantidade de exames normais e
outros que sequer têm os resultados procurados depois.
Como o senhor faz
para evitar estes excessos no seu hospital?
Não posso interferir na ação médica. Posso verificar se tem
médico que me interessa ter ou não. Não posso interferir na conduta, mas posso
não aceitá-la, é outra coisa.
É verdade que o senhor toma suco de beterraba em vez de
remédio para colesterol?
Não, é chá de berinjela. Um dia, estava no avião e um
comissário me recomendou. Controlo com chá e não com estatina. E mais: quando
estudei, o normal de colesterol era 240 (miligramas por 10 litros), hoje é 200.
Imagine a quantidade de pessoas que toma remédio por causa disso. Minhas
artérias estão perfeitas. Não trato o colesterol, trato as consequências, minhas
artérias não têm sinal de depósito. A glicose era 120 (mg/dl) e hoje é noventa
e tantos. Estão hospitalizando a doença e “medicalizando” a vida. Tem que se
ensinar a fazer exercícios, a comer bem, de forma saudável. Na minha juventude,
praticamente não conheci obesos mórbidos.
O senhor se acha com
uma visão romântica da medicina?
Sou romântico, posso ser, mas se o meu modelo de medicina há
15 anos dava 40% de economia, daria muito mais hoje, mas não interessa a
ninguém. Nem aos seguros, aos hospitais, aos laboratórios, às farmacêuticas, a
ninguém. Só ao paciente. Os protocolos roubam o discernimento e o espírito
crítico da pessoa, que passa a simplesmente cumprir os protocolos. A medicina
tem três mil anos, a ciência tem 500 anos. Então, querer reduzir a medicina à
ciência e à alopatia é desfigurá-la.
A sua maneira de
pensar medicina já trouxe dificuldades para o hospital, inclusive econômicas?
Revezes em um momento de afoito podem até ter ocorrido. Mas
quando se planeja direito, no fim dá certo. Quando fiz o centro cirúrgico, à
revelia do meu pai, me endividei bastante até a chegada do cirurgião Fernando
Paulino (1906-1990). Hoje aceitam-se distorções. Quando vejo um hospital do Rio
vendido para um plano de saúde, tem gente que fala que é bacana. Pode ser para
eles, mas não para o Rio. Fala-se (em ter mais hospitais) para ter ganho de
escala. Faça a escala então com um só. O (restaurante) Antiquários não vai bem,
obrigado?
Mas o Antiquários abriu uma filial lá na Barra...
(risos) É, abriu lá no Barra Shopping. Mas hospital com não
sei quantos leitos é um perigo, porque cai na ideia de que normas são mais
importantes que atendimento pessoal. Tentaram comprar (a clínica), você não faz
ideia. Prefiro ter o hospital preservando minhas ideias. Felizmente consegui passar
isso para meu filho.
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